Macapá, 08 de outubro de 2012. 

 

No quarto escuro pela ausência da luz, estava Malu. Que olhava para o céu sem estrelas, deitada em sua cama. Ela sentia-se sozinha, confusa. Não mais sabia o que fazer, como proceder. Não amava ninguém, mas gostava e se vira vítima de uma situação que ela escolheu. 

Um tempo antes de estar ali diante de sentimentos confusos, Malu havia decidido parar de sempre querer um amor de verdade. Então, decidiu aproveitar, ficar sem compromisso, não se apegar. No começo foi bem sucedida. Ficava com os garotos sem envover-se. Ria, se divertia, bebia, saía, transava e tudo ficava bem.

No entanto, após alguns meses vivendo dessa forma, a garota sentia falta de algo mais. Sempre saía aos finais de semana, no meio da semana, mas começou a notar que algo estava errado. Pois, todas as vezes que Malu deitava em sua cama, não sentia-se a mesma. Sentia um frio, embrulhava-se, abraçava o travesseiro e se perdia na busca daquilo que não sabia estar sentindo até cair no sono.

Seus amigos diziam que era a vida que estava levando que causava essa sensação estranha em Malu, que ela devia ser cautelosa, menos impulsiva e mais racional. Mas, ela não entendia como algo que lhe proporcionava prazer podia também lhe trazer dúvidas.

De volta à noite em que a moça de cabelos ondulados e olhos graúdos, a menina ainda perguntava-se o que acontecia consigo. De um estalo, veio a resposta: filmes rápidos correram em sua cabeça, era Malu, que sempre aparecia deitada naquela mesma cama, mas sempre feliz, pois ao invés do travesseiro, ela abraçava alguém. Nesse filme, ela não terminava a noite só, sua companhia estava ali, para aquecê-la do frio e preencher o espaço vazio da cama.

Malu entendeu que poderia viver e aproveitar, que poderia ficar, sair, rir, transar com os garotos. Mas, entendeu também que estes mesmos garotos não estariam presentes ali, na hora de dormir, quando ela mais precisasse.

Lívia Almeida